O Bitcoin (BTC) enfrenta uma queda contínua, atingindo o menor preço desde fevereiro 2024. Na manhã desta sexta-feira, 05/07/2024, o criptoativo está cotado a US$ 54.884, uma redução de 5,5%. Essa tendência negativa é resultado da pressão vendedora de governos, mineradores de criptomoedas e da antiga exchange falida Mt.Gox. Além disso, as altcoins também estão sendo negociadas em baixa1.
A análise gráfica sugere que essa queda pode persistir até as faixas de preço de US$ 54.829 e US$ 51.290, onde há grande liquidez disponível. Esses níveis podem servir como pontos de suporte. Nas últimas 24 horas, aproximadamente US$ 645 milhões foram liquidados no mercado de derivativos de BTC1.
A desvalorização afetou posições long (que apostavam na valorização do Bitcoin), resultando em uma perda de US$ 800 milhões nos últimos três dias. A baixa liquidez no fim de semana pode amplificar movimentos desencadeados por liquidações. No entanto, o retorno dos investidores norte-americanos após o feriado de 4 de julho pode trazer alguma estabilidade1.
Além disso, a correlação entre o Bitcoin e os mercados de ações está diminuindo. A criptomoeda agora está cerca de 25% abaixo de seu recorde de março, de quase US$ 74 mil. Incertezas em relação aos ETFs dos EUA e taxas de juros mais altas também contribuem para essa queda1.
Pressões adicionais vêm dos administradores da Mt. Gox, que estão devolvendo um tesouro de US$ 8 bilhões em Bitcoin aos credores. Além disso, autoridades alemãs estão se preparando para vender parte das 50 mil unidades de Bitcoin apreendidas de criminosos online1.
Possíveis motivos para a queda
A queda recente do Bitcoin pode ser atribuída a vários fatores:
- Pressão vendedora: Investidores estão realizando lucros após a alta do BTC nos últimos meses, o que aumenta a oferta no mercado.
A pressão vendedora no Bitcoin ocorre quando há um aumento na venda de BTC no mercado, o que pode afetar seu preço. Recentemente, observamos esse fenômeno no gráfico diário do BTCUSD.
As médias móveis de 21 e 50 dias cruzaram para baixo, indicando um aumento na pressão vendedora. Além disso, o preço formou uma sequência de topos mais baixos do que os anteriores e enfrentou dificuldades para se manter acima da máxima de março de 20241.
Esse cenário sugere cautela, e o próximo suporte relevante é o último fundo em US$ 59.500. Se esse suporte for rompido, poderemos ver um movimento de baixa com objetivos em US$ 52.400 (141,4%) e US$ 48.165 (161,8%)1. Vale a pena acompanhar de perto esses desenvolvimentos no mercado de criptomoedas.
- Regulação governamental: Alguns países estão implementando regulamentações mais rigorosas para criptomoedas, o que afeta a confiança dos investidores.
A regulação governamental das criptomoedas é um tópico relevante e está passando por mudanças significativas no Brasil. Vou explicar o que foi recentemente aprovado:
- Lei das Criptomoedas:
O Projeto de Lei 4.401/2021 foi aprovado pelo Congresso Nacional e estabelece um marco regulatório para o mercado de criptoativos no Brasil.
Essa lei define diretrizes regulatórias para as “prestadoras de serviços de ativos virtuais”, incluindo as corretoras de criptomoedas.
Um ativo virtual é definido como “a representação digital de valor que pode ser negociada ou transferida por meios eletrônicos e utilizada para realização de pagamentos ou com propósito de investimento”.
Moedas fiduciárias, ações e programas de fidelidade não entram nessa definição1.
- Órgão Regulador:
O Banco Central (BC) foi designado como o regulador e fiscalizador do setor de criptomoedas.
As empresas cripto só podem operar com autorização prévia desse órgão regulatório.
O BC também supervisionará o funcionamento do ecossistema de criptomoedas23.
- Entrada em Vigor:
A Lei 14.478/22 entrou em vigor recentemente e determina diretrizes para a regulamentação da prestação de serviços de ativos virtuais (criptomoedas).
Ela visa coibir crimes como estelionato e lavagem de dinheiro4.
Em resumo, essas mudanças têm o objetivo de trazer mais clareza e segurança ao mercado brasileiro de criptomoedas, tanto para investidores quanto para empresas. O papel do Banco Central como regulador é fundamental nesse cenário.
- Mineração e energia: Preocupações com o impacto ambiental da mineração de Bitcoin e restrições energéticas em certas regiões também influenciam. A mineração de Bitcoin e seu gasto energético estão intrinsecamente ligados. Um estudo realizado pelas Nações Unidas avaliou atividades de mineração em 76 nações durante o período de 2020-2021 e descobriu que a rede global de mineração de BTC consumiu 173,42 terawatts-hora de eletricidade1. Durante esse período, o ecossistema de criptomoedas estava em alta, e o Bitcoin atingiu seu recorde histórico de US$ 69.000.
A correlação é clara: quando o preço do Bitcoin sobe, o consumo de energia para mineração também aumenta. Isso ocorre porque mais mineradores entram no jogo quando a mineração se torna lucrativa. Por outro lado, quando os custos de mineração são menores que o valor de mercado do Bitcoin, mais mineradores se juntam à rede2.
Na época do estudo, 67% da eletricidade gerada para a mineração de Bitcoin provinha de fontes fósseis. No entanto, empreendedores do setor buscaram diversificar as fontes de energia, recorrendo a recursos renováveis. A energia hidrelétrica atendeu a mais de 16% da demanda total, enquanto fontes nucleares, solares e eólicas forneceram 9%, 2% e 5%, respectivamente1.
É importante considerar esses fatores ao analisar o impacto ambiental e econômico da mineração de Bitcoin. A busca por fontes mais sustentáveis e eficientes é fundamental para o futuro dessa criptomoeda3.
- Mt.Gox: A devolução de Bitcoins pela antiga exchange Mt. Gox aos credores pode estar pressionando o mercado.
A Mt. Gox foi uma corretora de criptomoedas com sede em Tóquio, Japão, que operou entre 2010 e 2014. Ela foi responsável por mais de 70% das transações de Bitcoin em seu auge1. Embora seja mais conhecida como Mt. Gox, a exchange também é referida como MtGox ou Mt Gox.
Em 2014, a Mt. Gox declarou falência após revelações de seu envolvimento na perda/roubo de centenas de milhares de Bitcoins, que na época valiam centenas de milhões de dólares americanos. Desde então, a corretora tem buscado estruturar um plano de ressarcimento para os clientes prejudicados. Recentemente, anunciou que começará a pagar seus antigos clientes a partir de julho de 2024. Os investidores que usavam o sistema da exchange receberão cerca de US$ 9 bilhões em Bitcoin, um volume que gera temor no mercado devido ao impacto potencial no preço do ativo12.
O objetivo da Mt. Gox é realizar os pagamentos de forma escalonada, concluindo o processo até 31 de outubro deste ano. No entanto, essa notícia gerou apreensão entre os investidores, pois há receio de que os clientes vendam as criptomoedas recebidas para obter lucro, o que poderia impactar negativamente o preço do Bitcoin1.
- Correlação com mercados tradicionais: A queda das ações e incertezas econômicas podem afetar o Bitcoin. Vamos explorar algumas descobertas relevantes:
- Ações relacionadas a criptomoedas, como MicroStrategy (MSTR), Coinbase (COIN) e Riot Platforms (RIOT), têm alta correlação com o Bitcoin. Essas ações apresentam coeficientes de correlação próximos de 1 em relação ao BTC.Investidores podem usar esses ativos como substitutos para o Bitcoin, especialmente porque não podem comprar Bitcoin diretamente por meio de contas de corretagem1.
- Correlação com Ativos de Tecnologia e Inflação: O Bitcoin está positivamente correlacionado com ativos de tecnologia de ponta e ativos que sofrem com a inflação.
Por outro lado, há uma correlação negativa com o dólar dos EUA e as taxas de juros reais dos EUA2.
- Desvinculação Recente:
Um relatório da empresa de criptomoedas Kraken identificou sinais de que a correlação entre o Bitcoin, o dólar e os mercados tradicionais está diminuindo.
Isso sugere que o Bitcoin pode estar se desvinculando dos movimentos tradicionais do mercado financeiro3.
Isso sugere que o Bitcoin pode estar se desvinculando dos movimentos tradicionais do mercado financeiro3.
Em resumo, o Bitcoin enfrenta desafios significativos, mas o mercado continua volátil e sujeito a mudanças rápidas. É importante acompanhar as notícias e análises para entender melhor o cenário atual12.